INSTITUTO MAMIRAUÁ COMPÕE A MESA DA INICIATIVA SOBRE BIOECONOMIA DO G20

Publicado em: 19 de junho de 2024

Em seu painel, o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, João Valsecchi, destacou a pesquisa científica e os projetos de manejo da biodiversidade do Mamirauá em parceria com as comunidades tradicionais e indígenas em 36 áreas protegidas da Amazônia.

O evento ocorre em Manaus, de 17 a 19 de junho, no Centro de Convenções Vasco Vasques, com a participação de cientistas, técnicos e autoridades. É o primeiro compromisso do G20 sediado pela capital amazonense. 

Na mesa “Bioeconomy for traditional and rural communities and indigenous peoples”, do dia 18 de junho, Valsecchi deu ênfase a uma ampla frente de projetos e programas de bioeconomia coordenados pela instituição brasileira, tema central da mesa. Um dos destaques foi dado ao manejo sustentável do Pirarucu, uma metodologia criada pelo Instituto Mamirauá com as comunidades tradicionais, que neste ano completa 25 anos de implementação. É um caso de sucesso na conservação da biodiversidade e garantia dos modos de vida dos ribeirinhos. Antes em risco de extinção, a população de pirarucus aumentou em 620% nas áreas manejadas e o tamanho médio na fase adulta saltou de 1.27m, em 1998, para 1.95m, em 2020. Além dos demais programas voltados ao manejo da biodiversidade e às cadeias produtivas, a exemplo dos manejos do açaí, do mel de abelhas nativas, da madeira e da farinha, iniciativas demandas pelas comunidades amazônidas, o diretor-geral do Instituto Mamirauá tratou da pesquisa do Mamirauá de uma forma geral e o seu impacto na ciência, a exemplo da publicação em colaboração internacional em que foi comparado o genoma de mais de 200 espécies de primatas com o objetivo de buscar a cura para uma série de doenças. A Amazônia abriga a maior diversidade de primatas do Planeta. São 130 projetos de pesquisa em andamento no Instituto Mamirauá, com prioridade para a conservação da biodiversidade e para a qualidade de vida dos ribeirinhos. A parte final de sua apresentação foi dedicada a sinalizar o momento atual do Instituto Mamirauá, para onde a instituição está caminhando e como fará esta trajetória. Entre as iniciativas mais recentes e com impacto de curto e longo prazo, João Valsecchi sublinhou a criação, no início de 2024, da Rede Amazônica de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade, envolvendo sete institutos do Brasil, Colômbia, Equador e Peru. A Rede conta com a articulação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 

A AGENDA

Na mesma semana, entre os dias 19 e 21, Manaus recebe a reunião do Grupo de Trabalho do G20 sobre Sustentabilidade Climática e Ambiental, também no Centro de Convenções Vasco Vasques. 

G20 E BIOECONOMIA 

O Brasil assumiu a presidência do G20 em 1º de dezembro de 2023, pelo período de um ano, e colocou na pauta três prioridades: (i) combate à fome, à pobreza e às desigualdades; (ii) as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental); e (iii) a reforma da instituições de governança global. O G20 reúne as maiores economias do mundo: 19 países, além da União Africana e a União Europeia. A Iniciativa é uma das novidades apresentadas pela presidência do Brasil no G20. Trata-se da primeira vez que o tema da bioeconomia é discutido multilateralmente. A proposta brasileira, juntamente com a prioridade dada ao tema do desenvolvimento sustentável no G20, insere-se na tradicional liderança brasileira nas discussões internacionais sobre desenvolvimento sustentável, principalmente desde a Cúpula da Terra, em 1992, da Rio+20, em 2012, e que caminha para a realização, no Brasil em 2025, da COP-30. 

TEMAS DA INICIATIVA SOBRE BIOECONOMIA 

As discussões da Iniciativa se estruturam em três eixos, todos com forte componente social em suas discussões: (i) Eixo do conhecimento: ciência, tecnologia & inovação e conhecimentos tradicionais para a bioeconomia; (ii) Eixo da natureza: uso sustentável da biodiversidade para a bioeconomia; e (iii) Eixo do desenvolvimento sustentável: papel da bioeconomia para a promoção do desenvolvimento sustentável e combate à mudança do clima. A reunião de Manaus irá focar no segundo eixo. Os participantes brasileiros e estrangeiros discutirão usos da bioeconomia não apenas para a conservação e preservação da natureza, mas também para a recuperação de sua biodiversidade. Por isso, realizar a reunião em Manaus reveste-se de especial importância, uma vez que a Amazônia é considerada a região com a maior biodiversidade do mundo. Na primeira reunião presencial da Iniciativa, ocorrida em Brasília entre 7 e 9 de maio, foi discutido o primeiro eixo, com foco no conhecimento, com debates que abrangeram de conhecimentos tradicionais (e de como remunerá-los) até os mais recentes avanços da alta tecnologia para a bioeconomia. A sessão de abertura contou com a participação das ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, bem como da primeira-dama Janja Lula da Silva. Foi a instância técnica do G20 com a maior participação de alto nível na presidência brasileira até o momento. Na última reunião, prevista para ocorrer no Rio de Janeiro, em setembro, será a vez de tratar do papel da bioeconomia para a promoção do desenvolvimento sustentável e o combate à mudança do clima. Como produto final das discussões, deverá ser adotado pelos países do G20 um documento com “Princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia”. O documento poderá ser usado como um guia para atores governamentais e privados sobre como avançar em política e projetos voltados à bioeconomia. 

PROGRAMAÇÃO EM MANAUS 

Durante os três dias do encontro em Manaus, serão debatidos, em sessões fechadas, temas como: (i) bioeconomia para comunidades tradicionais e rurais e para povos indígenas; (ii) uso sustentável de florestas para a bioeconomia; (iii) usos da água para a bioeconomia; e (iv) papel da bioeconomia como facilitador da recuperação produtiva, na regeneração ambiental e na biorremediação. O evento contará com uma imersão no bioma amazônico como parte da agenda. Os visitantes estrangeiros poderão visitar o encontro das águas dos rios Solimões e Negro e conhecer o Museu da Amazônia (MUSA). Também deverão assistir ao Balé Folclórico da Amazônia, no Teatro Amazonas, bem como conhecer o Palácio Rio Negro.

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